A História de Klembor - o Pedreiro

Era uma vez um jovem pedreiro chamado Klembor, que começou sua carreira cheio de potencial e com grandes sonhos, porém com uma grande mágoa por não enxergar a profissão como uma oportunidade, mas como um grande peso.

Ele havia aprendido o ofício com o pai, que era conhecido por ser um construtor cuidadoso e dedicado. Mas Klembor, por outro lado, tinha pressa. Em seu primeiro trabalho, sentiu que o pagamento não era justo para o que ele julgava ser seu esforço e talento. Pensou consigo mesmo: “Por que me esforçar tanto se não vou ganhar mais por isso?” Assim, ele fez apenas o básico e, embora a casa tenha sido concluída, as paredes logo começaram a rachar e as portas não fechavam direito.

Essa primeira experiência ditou o padrão de toda a sua vida. Ao invés de se empenhar, Klembor continuava pulando de um trabalho ao outro, sempre justificando para si mesmo que os empregadores eram exploradores ou que as condições nunca eram boas o suficiente para que ele desse o melhor de si. Ano após ano, ele seguia fazendo o mínimo. Por onde passava, deixava um trabalho malfeito e sem capricho, recebendo apenas o que era necessário para sobreviver e nunca recebendo reconhecimento ou aumentos e muito menos se esforçando para aprender mais. Seu tempo era mais dedicado a reclamar das condições da obra e do patrão do que trabalhar com dedicação e aprimorar seu conhecimento no ofício.

Klembor não se preocupava em criar uma boa reputação, pois acreditava que “ninguém reconheceria seu esforço de qualquer forma” e adquiriu o hábito de fumar em serviço. Sempre que alguém não estava por perto, ele encostava em algum canto, acendia um cigarro e aproveitava para descansar, ignorando a saúde. O cigarro se tornou sua desculpa favorita para esticar as pausas, e logo ele mal terminava uma tarefa antes de sair para mais um “intervalo”.

Com o passar dos anos, outros pedreiros de sua idade, muitos dos quais começaram com ele, foram promovidos a chefes de obra, formaram suas próprias equipes, construíram empresas e deixaram um legado na cidade. As casas, edifícios e praças que construíam eram lembrados, e os clientes procuravam por eles, confiando em sua experiência e dedicação.

Klembor, no entanto, continuava pulando de obra em obra, sempre ganhando o mínimo. Seu corpo começou a sentir o peso de uma vida de trabalho pesado, mas ele não tinha economias ou plano de aposentadoria. Ele tentava justificar seu cansaço e a falta de prosperidade dizendo que “a vida era dura para todos”, mas em seu íntimo sabia que era o reflexo de suas próprias escolhas.

Quando chegou à velhice, Klembor mal conseguia segurar as ferramentas. Seus olhos estavam fracos, as costas curvadas e o folêgo nem existia. E ele não tinha recursos para parar de trabalhar. Suas mãos, que poderiam ter construído uma carreira sólida, agora tremiam ao empunhar o martelo. Seus dias eram solitários, e ele se sentia esquecido. As construções que ele havia erguido estavam em ruínas, muitas desmoronadas ou reformadas por outros pedreiros, que precisaram corrigir o que ele havia deixado malfeito. Ele percebeu, tarde demais, que ao fazer o mínimo por toda a sua vida, ele também havia construído uma vida mínima — sem amigos leais, sem realizações, sem orgulho ou segurança.

Refletindo sobre sua vida, Klembor sentiu o peso amargo de suas decisões. Sabia que, em cada uma das casas que construíra de forma descuidada, ele poderia ter deixado uma marca de qualidade, respeito e valor. Mas ao escolher a mediocridade, ele havia empilhado tijolo após tijolo de uma vida vazia. No fim, ele não tinha uma casa para si, nem uma história de honra para contar.

Assim, Klembor deixou como legado uma lição silenciosa para aqueles que cruzavam seu caminho: aquilo que construímos no mundo é um reflexo do que escolhemos construir dentro de nós.