Pessoas e Pessoas - O eterno dilema dos pequenos negócios

Após ler o livro E-Myth - O mito do empreendedor”, uma das lições que eu aprendi foi:

  1. Você pode escolher entre profissionalizar seu negócio ou não;

Profissionalizar é crescer. Manter no amadorismo é manter simples. Pouco ou nenhum colaborador. Menos clientes para se preocupar, menos demanda. São dois caminhos a seguir. Não é possível dizer quem está certo ou está errado.

Assim, no caminho da profissionalização é preciso crescimento, dedicação, equipe e um processo operacional redondo. Isso signfica muito mais trabalho, uma dedicação operacional muito maior do que um pequeno negócio, pelo menos a curto prazo.

Já no caminho do amadorismo, você é seu negócio, você é o motor, o combustível e a engrenagem que movimenta o “o negócio”. Daí o mito de pensar que você é um empreendedor. Na verdade você é seu próprio negócio.

O problema é que, segundo o autor, poderá chegar um fatídico dia que esse mecanismo está desgastado. Você cansou e não quer mais estar naquele negócio, porém não tem para onde fugir e ninguém também quer assumir aquele pepino, porque de fato, não existe negócio, apenas uma pessoa assumindo um milhão de funções diferentes.

Enfim, há muito mais a se falar sobre o livro, esta é apenas uma pequena lição.

O que de fato, tem me chamado a atenção é que, depois da leitura, eu passei a identificar essas figuras ao longo do caminho da minha vida em vários negócios e seguimentos. E se tem uma outra lição importante para nossa vida é aprender tanto com as boas experiências quanto com as más experiências.

Aqui estão as características mais comuns do “empreendedor” que está preso no seu próprio negócio:

  1. Tudo está se deteriorando: Quando você chega, a impressão que você tem é de que está entrando em um túnel do tempo. Os principais itens de expositção dos produtos têm no mínimo vinte anos de existência, desbotado e até sujo. Você percebe que aquele local já teve seus dias de glória e que vive do passado. Nos restaurante o último poster de uma premiação é de 2005, suja e desbotada que já não significa nada;

  2. Não há paciência: O atendimento acontece de forma automática. Não há cuidado com as respostas e com as que o cliente faz. O empresário se irrita com o que o cliente fala, especialmente se for algo muito óbvio que ele inclusive “já colocou no PDF do orçamento que enviou”. O próprio dono do negócio quer terminar o atendimento o mais rápido possível. Passa a impressão de que o cliente é um peso. Que é muito difícil para aquela pessoa estar ali. Passa a sensação de que o cliente é uma enorme perda de tempo.

  3. Fala mal dos concorrentes: Ao invés de se concentrar no seu negócio e nas suas oportunidades ele atribui o problema do seu negócio a terceiros, que “trabalham de forma incorreta” e não sabem como chegar a um orçamento decente ou que não são profissionais o suficiente. Sempre atribuíndo a culpa a terceiros e jamais às suas próprias dificuldades;

  4. Ocupado e reclamão: Diz que é muito ocupado, tem muitas rotinas e de como seu negócio é difícil e desgastante. Se você encontrar esse tipo de fornecedor, CORRA para o mais longe possível, já mostra sinais de desgaste e pouca organização.

  5. Sempre “apagando incêndios”: Enquanto ele está conversando com você ele precisa resolver outros mil assuntos. Atende o telefone porque o encanador precisa fazer um serviço URGENTE! Responde mensagens diversas e faz agendamentos. No meio do atendimento é interrompido pela secretária. Responde a esposa ou outras pessoas e faz tudo exceto te dar atenção.

  6. Impossível de acessar: A dificuldade é tanta que ele parece um mito. Não dá para saber quem é, o que faz e quando ele poderá lhe atender. Se isso acontece no processo inicial de relacionamento, imagina depois quando você precisa resolver um problema sério? Não estou falando de estar sempre a disposição do cliente, mas a dificuldade extrema de acessar a pessoa significa que há algo errado em sua rotina.

  7. Culpa os funcionários: Essa eu deixei por último porque é muito polêmica. Realmente buscar bons profissionais é uma dificuldade GLOBAL e nem sequer brasileira. No entanto, isso não pode ser qualificado como uma desculpa para evitar o crescimento. A maioria dos empreendedores não quer um funcionário, quer alguém que o resgate de uma situação infernal e espera que essa pessoa saiba tudo sozinha. O tempo de treinamento é mínimo ou inexistente. O suposto funcionário que deveria ser o solucionador acaba apenas seguindo um fluxo pré estabelecido sem nenhuma inovação ou treinamento.

No final das contas, tudo é sobre pessoas e a principal pessoa que você precisa lidar no seu negócio é você mesmo e a sua postura quanto ao seu negócio, com escolhas difíceis e complexas que podem ser cansativas e desgastantes no decorrer do tempo, cuidado para não culpar seu fornecedor, seus colegas, funcionários ou seu cliente.